Monday, July 16, 2007

Autárquicas Intercalares Lisboa 2007

É o perigo das excursões, das viagens em grupo e dos rebuçados dados por estranhos. Não obstante os constantes avisos na comunicação social, as sucessivas denúncias de burlas e de falsas promoções de viagens ("Viagem à Galiza por 60 euros, com oferta de chouriço de vinho e aguardente de medronho"), ainda há quem arrisque e venha de Mangualde e de Resende para Mafra, numa excursão com gente simpática e sem maldade. E o que é que acontece? A carrinha é desviada para a sede de campanha do candidato do governo à Câmara de Lisboa.
Não seja por isso, que o ambiente é giro e até oferecem bandeiras. Mas assim que lhes é perguntado o que é que lá estão a fazer, a resposta surge com o sorriso rasgado de quem fabrica queijo limiano (sim, eu sei que o queijo limiano fabrica-se em Ponte de Lima :p): "Er...nã chei."
Se o PS ganhou em todas as 53 freguesias de Lisboa, não percebi porquê que teve que recrutar pessoal de Mangualde. Nos últimos tempos, por razões que não vêm ao acaso, tenho feito profundos mergulhos na História do séc.XX, e o caso de António Costa levou-me a uma analogia inevitável com o centralismo democrático de Lenine, embora com o processo inverso. Mutatis mutandis, sem dúvida, mas a verdade é que na União Soviética os altos dirigentes dos aparelhos de Estado eram os altos dirigentes do partido, a nomenklatura, havendo uma (con)fusão entre o Governo e os órgãos de administração local e o partido. E são inegáveis as parecenças do grupo de Mangualde com um soviete.
Quanto a Carmona, foi sem dúvida uma vitória. Já Fernando Negrão, na altura certa, e teria tido uma campanha bem sucedida. Foi, de longe, o que apresentou melhor imagem, com cartazes apelativos, boa conjugação de cores e slogans que não deixam de ter a sua graça.
Mas faltou o resto, faltou substância. Faltou um líder do partido realmente apto para ocupar esse alto cargo (passe-se a graçola). Marques Mendes não soube gerir a crise na Câmara nem apresentar uma alternativa forte. O que vale é que, no seu caso, a queda nunca será grande (ok, já chega!).
Helena Roseta foi uma surpresa, José Sá Fernandes está bem onde está, Telmo Correia foi o que se esperava.
O PNR duplicou os seus resultados em relação a 2005, contrariando a tendência geral e prometendo um deputado para as legislativas de 2009. Assim esperamos. Sim, porque à esquerda do PS temos o PC, BE, Os Verdes. E à direita, um CDS a curtir os seus tempos de blues e um PSD com mais baixos que altos (prometo que é a última).*
Deste modo, o que é direito caminha para torto, e nisso as autoras deste blog não estão interessadas.

* Para aqueles que consideram que me aproveito de instrumentos falaciosos para sustentar a minha opinião e induzir a geral em erro, gostaria apenas que constasse que o PNR, em 2005, obteve, no Concelho de Lisboa, 798 votos, e no passado dia 15 reuniu 1501 votos, tendo uma subida de 88% (os dados são oficiais). Ora se falamos em termos absolutos e não percentuais, a abstenção, quer seja de 60, 20 ou 10%, não pinta minimamente, muito menos os Gato Fedorento, que, se formos considerar que têm o poder de mudar a opinião pública e induzir ao voto pela Direita, merecem, no meu entender, uma estátua.

Thursday, June 21, 2007

Promulgação da lei do aborto

Portugal está hoje de parabéns! Enquanto uns se deleitam com o salão erótico, outros deleitam-se com a legalização e aprovação absoluta do infanticídio em Portugal (ou com ambos).







No dia mais longo do ano, os hospitais portugueses preparam-se para tornar a vida mais curta a milhares de crianças, e o país assiste, vitorioso e confiante, a semelhante acto.
Pergunto-me se amanhã todos os que votaram "sim" no referendo acordarão especialmente bem dispostos, serão melhores pessoas, continuando a contribuir para a nação com a sua consciência cívica, sempre que tal seja necessário; se as mães que cometerão abortos serão mais felizes, ou se a sua qualidade de vida melhorará significativamente depois de se terem livrado de um "grande encargo"; se vale a pena lutar por um país que se vai destruindo progressivamente, e sorri, não porque é estóico, mas porque é ignorante e não vê aquilo que está à frente do seu nariz.
Nas incineradoras dos hospitais, juntamente com seringas infectadas, ou restos de tumores, passam agora a estar também bebés. Meus senhores, o aborto é objectivamente um CRIME e em Portugal passa hoje a ser um direito!
Pedimos desculpa pela dureza de imagens e de discurso, mas a realidade é muito pior.

Seguem-se alguns sites/contactos de organizações que prestam auxílio a mães que se encontram grávidas e ponderam abortar, que não têm condições para educar e assegurar as necessidades básicas aos seus filhos, ou ainda que já abortaram. Não desista dos seus filhos, eles não iam desistir de si!

www.abortar.org www.afterabortion.com
www.abortionbreastcancer.com
www.standupgirl.com
www.pregnancy911.com
Casa de Sta. Isabel: 800 20 80 90
ajudadeberco@mail.telepac.pt

S.O.S. Grávida - 21 395 2143
vinhaderaquel@mail.com


























Monday, June 18, 2007

Exame Nacional de Português: a febre de Domingo à noite

Domingo, 17 de Junho de 2007
véspera do exame nacional de Português


Após uma semana de renúncia e de recolhimento em salas de estudo, bibliotecas, ccb's e afins, chegou a véspera do exame.
Depois de ter ido à Missa de manhã, e após um breve almoço, mergulho no mundo de Pessoa e dos heterónimos, de Camões, de Sttau Monteiro, de Saramago e do seu convento.
Neste dia, há que descansar. Às 19h, ouvidos Os Vampiros e outras canções de intervenção ("Ah, e tal, pode ser que saia, é o aniversário da morte do Zeca..."), vou tomar um banho quente e demorado, tentando purificar a mente com os vapores. De camisa de noite e roupão, os cabelos molhados e escorridos, sinto-me Blimunda. Detentora da esfera que contém a verdade-a matéria-, o importante é que não a perca. É esta a esfera que espero que me permita voar, não na Passarola-o caso não é para tanto, basta o carro-, nem para Mafra, mas sim para a faculdade de Direito da Católica, na Calçada Palma de Cima. Imbuída de língua portuguesa, julgo que, se nascesse hoje, poderia ser chamada Lusitânia, nome tão foleiramente literário como Blimunda.
-"Descansem"- havia-nos dito a nossa professora Sofia. Às 21h, fui para a cama. Mas Pessoa não me saía da cabeça e toda aquela história da despersonalização e do fingimento fez com que adormecesse só horas mais tarde, e acordasse às 2:35, achando que já estava atrasada para a prova. Vai mais é dormir, Catarina!
Às 5:45h acordo e já não me sinto Blimunda. Pelo menos, não tive necessidade de comer pão de olhos fechados. Fi-lo, antes, de olhos bem despertos, depois de uma boa dose de café com uma não tão boa dose de leite. Não encontrava a saia da farda, mas, vá lá, estava no quarto dos pais, vá-se lá saber porquê.
Isto hoje puxava mais para os lados de Pessoa. Subitamente, sinto uma nostalgia da infância, dos "sinos da minha aldeia", ou melhor, do toque do Mira-Rio quando andava na 4ªclasse e não tinha exames nacionais.
Vou para o carro, revendo nervosamente as obras que não li, Felizmente... e o Memorial. Feliz foi mesmo a mente do meu pai, ao ter a ideia de irmos pela A1, permitindo-me ver intensamente o mar, da marginal, e Lisboa ao amanhecer. Naquele momento, tive "a Terra e o Céu". Mas tinha também um exame nacional.
Para descontrair, a minha mãe põe no rádio uma das minhas músicas preferidas de um cantor que produz um efeito Lexotan: Still River, de Chris Rea. Mas a mãe diz que não, que não é suficiente e acha que o que eu tenho que ouvir mesmo é a minha música de natal, do mesmo artista. Seja. Acalmei por 2 minutos.
Chegada ao colégio, tudo se confere: o BI (reaparecido em combate), a Luso sem rótulo, o cadbury flake da praxe e as canetas que, após aturada pesquisa por todo o distrito de Lisboa, lá me satisfizeram- pretas, especialmente fabricadas para o uso frequente em aviões. Não me deixarão mal.

E tanta coisa para, afinal, nos apresentarem um exame que não exigia assim tanta ciência. Mas o ritual faz parte, e não podíamos deixar de partilhar com os nossos visitantes este momento tão importante nas nossas vidas, neste post cujas discordâncias verbais ou discursivas não passam de pura inspiração nobel. Saramaguiana, melhor dito.

Valete, Frates

Thursday, May 10, 2007

Dia Mundial da Família

O desenvolvimento equilibrado de uma pessoa começa por uma correcta socialização primária, pela interacção com o meio mais próximo e com os elementos que o constituem: pais, irmãos, avós, em suma, a Família.
A Família é uma instituição de direito natural, ou seja, não é um produto da sociedade, ou das normas do Estado; é, antes, um ordenamento superior e anterior ao direito positivo (o qual norteia), e unidade-base da sociedade, possuindo um carácter universal e imutável. Assenta, pois, no respeito pela dignidade da Pessoa humana, fim em si mesma e dotada de inteligência e vontade.
Ora, sendo a função primordial do Direito a regulamentação da vida em sociedade, e o seu objectivo a promoção do bem comum, qualquer lei que prejudique a familia, ou atente, no fundo, contra a própria dignidade humana, constitui, como é óbvio, uma grave contradição jurídica, bem como uma violação da própria ordem natural.
É na família que o Homem começa a tomar consciência da sua individualidade, começando a construir uma identidade própria, autónoma e única. Só desta forma poderá, de facto, inserir-se no espaço colectivo, na sociedade, apercebendo-se que pertence a um todo, porque é único. Nem os infantários, as escolas, ou muito menos a televisão, poderão substituir o papel dos Pais na educação dos filhos.
A mulher possui, como todos bem sabemos (e sem qualquer desprimor para o homem), um papel fundamental no seio familiar. Contudo, na sociedade actual, este papel possui um valor acrescentado de dificuldade: com efeito, muitas vezes, pelas exigências do mercado de trabalho, ou pelo desejo de ascensão profissional, a mulher vê-se na "obrigação" de relegar para segundo plano o projecto familiar, renunciando à própria realização pessoal e a uma das dimensões femininas mais profundas, a maternidade.
Urge, pois, alterar as estruturas não só económicas, mas também sociais, para que haja uma correcta articulação entre a carreira e a família, da qual só poderá resultar um benefício para toda a sociedade, que se vê enriquecida com uma educação mais sólida, permitindo formar cidadãos mais conscientes e equilibrados.
A igualdade do homem e da mulher é algo bom, natural, e um princípio inalienável que deve ser respeitado. No entanto, este respeito pela igualdade não significa que as mulheres tenham que ser iguais aos homens, mas antes que devam ser protegidas e respeitadas enquanto Mulheres, profissionais, Mães, Esposas e donas de casa, ou seja, que o respeito pelaa igualdade se concretize no respeito pelas diferenças, pois o homem e a mulher são, por natureza, biológica e psicologicamente diferentes, mas complementares.

Assim sendo, é de extrema importância que as leis não destruam, ou, de algum modo, constituam qualquer tipo de obstáculo, ao desenvolvimento saudável da Família, devendo promover o seu bem-estar, protegendo-a.

Thursday, April 26, 2007

A Revolução

Se julgam que vamos perder tempo a publicar um post sobre o 25 de Abril, estão muito enganados.

Sunday, April 15, 2007

A Inês Amaral ainda está à espera de paciência e inspiração...but she will be coming soon (or later)...

Monday, April 9, 2007

O Código de Cristo

Amigos! Estamos perante um novo Vasco da Gama: James Cameron, depois de ter encontrado o Titanic, anunciou que encontrou agora o túmulo de Cristo, de S. José, de Nossa Senhora, de Maria Madalena, de Simão Cireneu, do Bom Ladrão ( o mau foi para o inferno), de Caifás, de Pôncio Pilatos, enfim, de todas as personagens do Novo Testamento, e, não obstante, achou por bem acrescentar mais algumas: a mulher de Jesus e o filho, que curiosamente, se chamava Judas. Só falta dizer que a mulher estava grávida de um Herodeszito.
É incrível a falta de capacidade inventiva destas cabecinhas. Para já, o título do documentário é extremamente enfadonho e pouco original. Depois, dão o nome de Judas à criança, considerando que por arranjarem uma câmara mortuária comum com meia dúzia de ossadas que, inteligentemente(ou não), tem inscritos uma série de nomes mais que comuns na época, acabam com a Igreja. Não só James Cameron, mas tantos outros que, como ele, como não são capazes de estar na Igreja, e querem que a Igreja esteja com eles a todo o custo.
Temos pena, mas o facto é que a Igreja Católica é Universal e não relativa, e se permaneceu intacta durante dois mil anos, foi porque se manteve e manterá fiel às bases que Cristo veio fundar. Os Evangelhos são documentos históricos e resultam de uma selecção criteriosa de textos, a qual exige, por exemplo, a proveniência apostólica. Já os evangelhos apócrifos são, muitos deles, de origem duvidosa, sendo que, entre si, por vezes contradizem-se, o que não acontece com os textos dos Evangelhos.
Para além de tudo isto, a teoria apresentada pelo realizador de cinema (podia ser um bocadinho mais criativo) é absolutamente absurda. Era como se disséssemos que Buda sofria de anorexia e o nirvana propiciou-se pela conjugação dos ventos fortes dos Himalaias com o peso-pluma do senhor. Ridículo.

Marco Paulo - 40 Anos de Amor Eterno

Marco Paulo celebrou, há coisa de duas semanas, os seus 40 anos de carreira numa, como dizer...ha...memorável festa. Sem dúvida merecida, não queremos, contudo ( e até porque a nossa função neste blog é fazer aquilo que sabemos fazer melhor, falar mal), deixar de fazer alguns 3 reparos:
1. se o amor é eterno, qual é a ideia de celebrar os 40 anos?
2. dispensavam-se aqueles momentos preciosos em que fãs anónimas (a Bita, a Chita, a Nené, a Sissi) liam inflamadas missivas, com especial destaque para a carta cuja autora proclamava ter, também ela, dois amores: Marco Paulo e o filho. Vai-se a ver, das duas uma: ou o Marco é o pai, ou o marido para a vida de senhora não pinta nada, o que é bastante desagradável.
3. por último, é de salientar que algumas das jovens cantoras presentes, para além de terem desafinado fortemente, parecia que estavam vestidas para uma noite à beira da estrada de monsanto.
Quanto a isto, temos dito.

Monday, March 26, 2007

Grandes Portugueses

Teve uma certa graça, o programa de ontem à noite. A final dos Grandes Portugueses revelou-se um espetáculo de entretenimento e humor: nunca nenhum morto tinha posto os cabelos em pé e os dentes a saltar a ninguém, pelo menos numa sala tão iluminada. Foi giro ver a forma como, num momento, todos saudavam o pós-25 de Abril como o tempo de gradual prosperidade e de verdadeira liberdade. O Estado Novo, segundo estes ilustres, havia sido a época da ignorância do analfabetismo.

Contudo, nos segundos que se seguiram ao anúncio da vitória do Prof. Salazar , o que mais se ouviu dizer é que o país, curiosamente, era um país atrasado, inculto, que não sabe dar valor à liberdade, sendo a vitória de Salazar um protesto contra a actual democracia, o que, seguindo os comentários proferidos, até era compreensível. E o disparate foi tanto que até se ouviu uma ilustre camarada proclamar a inconstitucionalidade da vitória que, pelos vistos, fazia a apologia do fascismo. Calha bem ter sido dito por uma comunista ( defende, pois, um regime que deixou marcas terríveis na história da Europa, pelo desrespeito total dos direitos inalienáveis da Pessoa Humana), horas após ter desvalorizado o programa, alegando que era "só um concurso". Ainda por cima, não me recordo de Portugal ter vivido sob égide fascista, mas isso deve ser porque nasci em 1989.

Uma última coisa: é importante não esquecer que o que estava em causa era um "grande português", e, quanto a isso, julgo que ninguém tem dúvidas que tudo o que Salazar fez foi, em primeiro lugar, para Portugal.

Queremos também acrescentar que, com estes posts, não pretendemos demonstrar nenhuma espécie de tendência "salazarista", ou fascista, pois tal não corresponderia à verdade. Julgamos apenas que a História tem que ser vista com verdade e justiça.

Coming soon...

...a ilustre presença, curiosamente, da Inês, Herself.

Friday, March 16, 2007

Allgarbage

Não nos cansamos de repetir que este país é um poço de bom-humor. Ora a última novidade é que Manuel Pinho, ministro da Economia, acaba de estrear a marca allgarve, que será a bandeira do marketing turístico do Algarve.
Que mais newsidades estarão previstas neste campo semântico? Lizziebona, Oporto, Cowimbra, Haveeiro, Allentejo, Fiona do Castelo, Santa Maria the Fairy, Broughga e Braganza...? Haja paciência e já agora, uma pitada de decência patriótica.

Thursday, March 15, 2007

Portugal dos Muppets

Não é fantástico poder viver numa sociedade extremamente bem-humorada?
Senão vejamos: fecham-se os painéis de S.Vicente porque não há dinheiro para remunar os trabalhadores, mas para o aborto o Estado já está pronto para dar a vida; fala-se constantemente na luta contra o preconceito e a discriminação, e o quê que temos? Uma lei eugénica que permite matar por sucção, destruição de membros e outras coisas que tais todas as crianças com malformação ou doença congénita, que poderão por em perigo a perfeição própria deste país;
Temos um ministro da saúde que fica "surpreendido" com o estado, ironicamente, da saúde em Portugal, depois de ter visto uma reportagem na SIC (resta-nos esperar que o dr.Correia de Campos não tenha ficado surpreendido ao saber que ele mesmo era o ministro da saúde);
Ao invés de sofrermos um choque tecnológico, temos feito sucessivos peões e tudo indica que vamos acabar por capotar- de que vale o interior estar recheado de computadores e ADSL se as pessoas não sabem sequer escrever?
Os alunos que fizerem exames nacionais e, porventura, quiserem fazer revisão de prova e, para tal, requererem uma fotocópia do exame, sendo menores de 18, só o poderão fazer mediante a assinatura dos pais. Já se uma menina de 14 anos quiser abortar, fá-lo livre, segura e anonimamente, ou vai ser preciso também a assinatura dos pais?
Como se pode verificar, há muito para nos fazer rir. Ou chorar.

5 de Outubro

Vínhamos só relembrar que 5 de Outubro, antes de ser o patético dia da república, é o aniversário do tratado de Zamora, esse sim, que dignifica Portugal, assinado por D. Afonso Henriques, em 1143.

Artigo discriminado

Servindo-me da rubrica" Do Leitor", venho manifestar a minha profunda repugnância em relação às reportagens "Dentro do Não" e "Dentro do Sim".
Custa-me ser tão nova e constatar tão cedo a putrefacção da nossa sociedade. A começar pela revista Sábado, que, de um modo sujo e baixo, quebrando o código ético que todos os jornalistas deveriam seguir para cumprir da melhor maneira a sua função (a de informar e não de destabilizar), e com a falsa pretensão de esclarecer os leitores, penetrou nos movimentos da ambas as facções do referendo. Ora esta revista, nos números mais recentes, tem manifestado uma tentativa de clarificar as várias questões que se levantaram com o referendo, de modo a impelir o voto em consciência. Pois no meu entender a publicação destes artigos constitui, pelo contrário, um apelo ao absentismo, ou seja, um acto de incoerência, não percebendo eu, na qualidade de leitora que procura estar informada, qual o seu interesse.
No caso da reportagem de Tânia Pereirinha há ainda a agravante de abuso de confiança, pois serviu-se da boa-fé da Plataforma Não Obrigada e do movimento Diz Que Não para o (in)sucesso do artigo, violando a intimidade destes movimentos e ainda da adolescente grávida referida na peça, o que demonstra uma total falta de respeito e de escrúpulos.
Resta-me apenas desejar que o ambiente seguro e familiar da redacção da Sábado, e as conversas descontraídas, mas decerto decentes, que V.V. Exas. terão, não surja deturpado na primeira capa de alguma revista concorrente, descrito por uma jornalista estagiária que, lamentavelmente, afinal era infiltrada.

(artigo NÃO publicado pela revista Sábado)