Monday, March 26, 2007

Grandes Portugueses

Teve uma certa graça, o programa de ontem à noite. A final dos Grandes Portugueses revelou-se um espetáculo de entretenimento e humor: nunca nenhum morto tinha posto os cabelos em pé e os dentes a saltar a ninguém, pelo menos numa sala tão iluminada. Foi giro ver a forma como, num momento, todos saudavam o pós-25 de Abril como o tempo de gradual prosperidade e de verdadeira liberdade. O Estado Novo, segundo estes ilustres, havia sido a época da ignorância do analfabetismo.

Contudo, nos segundos que se seguiram ao anúncio da vitória do Prof. Salazar , o que mais se ouviu dizer é que o país, curiosamente, era um país atrasado, inculto, que não sabe dar valor à liberdade, sendo a vitória de Salazar um protesto contra a actual democracia, o que, seguindo os comentários proferidos, até era compreensível. E o disparate foi tanto que até se ouviu uma ilustre camarada proclamar a inconstitucionalidade da vitória que, pelos vistos, fazia a apologia do fascismo. Calha bem ter sido dito por uma comunista ( defende, pois, um regime que deixou marcas terríveis na história da Europa, pelo desrespeito total dos direitos inalienáveis da Pessoa Humana), horas após ter desvalorizado o programa, alegando que era "só um concurso". Ainda por cima, não me recordo de Portugal ter vivido sob égide fascista, mas isso deve ser porque nasci em 1989.

Uma última coisa: é importante não esquecer que o que estava em causa era um "grande português", e, quanto a isso, julgo que ninguém tem dúvidas que tudo o que Salazar fez foi, em primeiro lugar, para Portugal.

Queremos também acrescentar que, com estes posts, não pretendemos demonstrar nenhuma espécie de tendência "salazarista", ou fascista, pois tal não corresponderia à verdade. Julgamos apenas que a História tem que ser vista com verdade e justiça.

Coming soon...

...a ilustre presença, curiosamente, da Inês, Herself.

Friday, March 16, 2007

Allgarbage

Não nos cansamos de repetir que este país é um poço de bom-humor. Ora a última novidade é que Manuel Pinho, ministro da Economia, acaba de estrear a marca allgarve, que será a bandeira do marketing turístico do Algarve.
Que mais newsidades estarão previstas neste campo semântico? Lizziebona, Oporto, Cowimbra, Haveeiro, Allentejo, Fiona do Castelo, Santa Maria the Fairy, Broughga e Braganza...? Haja paciência e já agora, uma pitada de decência patriótica.

Thursday, March 15, 2007

Portugal dos Muppets

Não é fantástico poder viver numa sociedade extremamente bem-humorada?
Senão vejamos: fecham-se os painéis de S.Vicente porque não há dinheiro para remunar os trabalhadores, mas para o aborto o Estado já está pronto para dar a vida; fala-se constantemente na luta contra o preconceito e a discriminação, e o quê que temos? Uma lei eugénica que permite matar por sucção, destruição de membros e outras coisas que tais todas as crianças com malformação ou doença congénita, que poderão por em perigo a perfeição própria deste país;
Temos um ministro da saúde que fica "surpreendido" com o estado, ironicamente, da saúde em Portugal, depois de ter visto uma reportagem na SIC (resta-nos esperar que o dr.Correia de Campos não tenha ficado surpreendido ao saber que ele mesmo era o ministro da saúde);
Ao invés de sofrermos um choque tecnológico, temos feito sucessivos peões e tudo indica que vamos acabar por capotar- de que vale o interior estar recheado de computadores e ADSL se as pessoas não sabem sequer escrever?
Os alunos que fizerem exames nacionais e, porventura, quiserem fazer revisão de prova e, para tal, requererem uma fotocópia do exame, sendo menores de 18, só o poderão fazer mediante a assinatura dos pais. Já se uma menina de 14 anos quiser abortar, fá-lo livre, segura e anonimamente, ou vai ser preciso também a assinatura dos pais?
Como se pode verificar, há muito para nos fazer rir. Ou chorar.

5 de Outubro

Vínhamos só relembrar que 5 de Outubro, antes de ser o patético dia da república, é o aniversário do tratado de Zamora, esse sim, que dignifica Portugal, assinado por D. Afonso Henriques, em 1143.

Artigo discriminado

Servindo-me da rubrica" Do Leitor", venho manifestar a minha profunda repugnância em relação às reportagens "Dentro do Não" e "Dentro do Sim".
Custa-me ser tão nova e constatar tão cedo a putrefacção da nossa sociedade. A começar pela revista Sábado, que, de um modo sujo e baixo, quebrando o código ético que todos os jornalistas deveriam seguir para cumprir da melhor maneira a sua função (a de informar e não de destabilizar), e com a falsa pretensão de esclarecer os leitores, penetrou nos movimentos da ambas as facções do referendo. Ora esta revista, nos números mais recentes, tem manifestado uma tentativa de clarificar as várias questões que se levantaram com o referendo, de modo a impelir o voto em consciência. Pois no meu entender a publicação destes artigos constitui, pelo contrário, um apelo ao absentismo, ou seja, um acto de incoerência, não percebendo eu, na qualidade de leitora que procura estar informada, qual o seu interesse.
No caso da reportagem de Tânia Pereirinha há ainda a agravante de abuso de confiança, pois serviu-se da boa-fé da Plataforma Não Obrigada e do movimento Diz Que Não para o (in)sucesso do artigo, violando a intimidade destes movimentos e ainda da adolescente grávida referida na peça, o que demonstra uma total falta de respeito e de escrúpulos.
Resta-me apenas desejar que o ambiente seguro e familiar da redacção da Sábado, e as conversas descontraídas, mas decerto decentes, que V.V. Exas. terão, não surja deturpado na primeira capa de alguma revista concorrente, descrito por uma jornalista estagiária que, lamentavelmente, afinal era infiltrada.

(artigo NÃO publicado pela revista Sábado)